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formou maioria parlamentar, ou que perdeu essa maioria, acabou
por não completar seu mandato. Os exemplos são eloquentes: Ge-
túlio Vargas, em 1954, Café Filho, em 1955, Jânio Quadros, em
1961, João Goulart, em 1964, e Fernando Collor, em 1992. Sabem
qual a razão?
Eu lhes digo. A razão está na estrutura constitucional do presi-
dencialismo, no qual não existe um mecanismo institucional que
permita solução rápida para uma crise de governo, mormente
quando ela envolve o executivo e o legislativo, que é o que está
havendo. Resta o expediente do
impeachment
. E, sem dúvida al-
guma, o atual modelo político brasileiro está esgotado e só não
recorremos a um golpe de estado, como em outros momentos de
nossa história, porque está em plena atividade a Constituição de
1988, que ninguém conseguiu sequestrar e que exibe a sua lição
maior: nenhuma autoridade, seja ela quem for, está acima da lei.
E vejam porque é que lhes falo nesse episódio. Aqui os mais idosos
sabem que o presidente Costa e Silva sofreu um acidente vascular
cerebral. O vice-presidente da República (os jovens não têm co-
nhecimento disso) era um cidadão da maior seriedade, um jurista
de primeiríssima ordem, um mineiro professor de Direito Penal,
um homem sério chamado Pedro Aleixo. Não deixaram que Pe-
dro Aleixo assumisse a Presidência da República. Sabem quem
assumiu? Uma Junta Militar, e essa Junta Militar era composta
pelos ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.