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46 | Coleção CIEE 139

Professor Gaetano Antonaccio

- A minha pergunta se resume

ao seguinte, aliás, eu acho que já lhe fiz essa pergunta pesso-

almente, mas vou aproveitar para fazer agora em público. O

senhor não acha que está na hora de o Brasil adotar o parla-

mentarismo na sua forma de governo?

Bernardo Cabral

É claro que a nossa Constituição tem muitas

imperfeições. Ninguém apresentou tantas e com tanta precisão

como o professor Ney Prado, mas o maior desgosto que eu tenho

neste texto constitucional é que, na época, quando saiu da Co-

missão de Sistematização e foi aprovado o sistema parlamentar

de governo, no plenário, na Assembleia Geral, infelizmente o

derrubaram, à custa de darem (eu não vou dizer quem rece-

bia) canais de televisão, rádios, emissoras. Foi uma troca. In-

felizmente, derrubaram... Naquela época, chamei o Humberto

Lucena, que era o líder do presidencialismo, e disse: “Humber-

to, o que tem na Constituição, sobretudo, a medida provisória,

não pode conviver com o presidencialismo. Vocês vão dar a um

presidente da República o que nenhum ditador brasileiro teve.

Ele vai substituir o Congresso”. Minha profecia deu certo. Não

foram mexer e de fato não mexeram. Tudo isso que está ocor-

rendo nos dias atuais, acontece porque não foi consolidado o

sistema parlamentarista de governo. E vou mais adiante nessa

resposta. Agora querem fazê-lo como remédio, como se fosse

possível fazer isso. Não é assim que se procede. Parlamentaris-

mo é a forma pela qual o cidadão não tem mandato a prazo