22 | Coleção CIEE 139
I
nicio contando uma história:
havia um velhinho muito ran-
zinza, ele tinha quase 100 anos e três vezes por semana ele ia
ao consultório do analista dele. E sempre mal-humorado, enfe-
zado, mas ele pagava a consulta e o médico o assistia e ouvia. Isso
ocorreu por muito tempo. Mas um belo dia ele entra no consultório
médico, era um sorriso só, de ponta a ponta e o médico olhou para
ele:
o que aconteceu? Eu vejo que o senhor aí está alegre. Alguma
coisa se passou? Mudou de remédio?
Ele disse:
não, doutor, o senhor
imagina que quando eu vinha chegando aqui ao seu consultório
uma moça bonita de minissaia olhou para mim e disse: mas que
velhinho enxuto
. Aí o médico disse:
o senhor acha que merecia ou-
vir isso?
Ele disse:
doutor, se eu merecia, eu não sei, mas me fez um
bem enorme
. Por isso, agradeço ao Luiz Gonzaga Bertelli: eu não sei
se merecia ouvir todos os elogios que escutei, mas me fizeram um
bem enorme.
Fui aluno durante sete anos na instituição Pedro II, que depois mu-
daram para Colégio Estadual do Amazonas e eu tinha um profes-
sor de latim, monsenhor Monteiro, que era um homem dedicadís-
simo e que às vezes dava tanta atenção aos alunos que, quando um
aluno da sua estima casava, ele fazia uma exceção; mas dizem que
só fez uma: foi o meu casamento com a Zuleide. Ele nos casou em
nossa residência.
Monsenhor Monteiro repisava muito o valor dos discursos
do nosso grande Cícero, Marco Túlio Cícero, em suas aulas.