24 | Coleção CIEE 139
Um dia, nas minhas pesquisas, consegui este texto em latim e, de-
pois, em português. Trouxe um pedaço desta tradução em portu-
guês e os que me dão a honra de ouvir vão saber por quê.
É verda-
de que eu esclareço que Cícero sabia que não havia nenhuma lei
para que ele pudesse prender o senador Catilina, que ele pudesse
considerá-lo perigosíssimo apesar de forte, mas os dotes de ora-
tória do Cícero eram tão grandes que os discursos dele ficaram
famosos.
Coloco aspas aqui, traduzindo do latim. Observem que
ainda são palavras atuais, porque nós estamos falando aqui da re-
alidade brasileira atual. “Até quando, Catilina, abusarás da nossa
paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua
loucura? A que extremo se há de precipitar a tua audácia sem freio?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os
temores do povo, nem a fluência de todos os homens de bem, nem
este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar
e o aspecto desses senadores, nada disto conseguiu perturbar-te.
Não sentes tu que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que
a tua conspiração tem já dominado todos esses que te conhecem?
Quem de entre nós pensas tu – observem – que ignora o que fizes-
tes na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem
convocaste, que deliberações foram as tuas?”
Porque que eume lembrei disto? Pelo seguinte: até há pouco tem-
po se dizia que estava faltando um Cícero para perguntar: “até
quando?”. Eu não preciso dizer o que ele quis. O povo dizia: “até
quando?”