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ersistente defensor da inserção
estratégica – portanto, bem pla-
nejada e melhor executada – do
Brasil na economia mundial, Marcos
Troyjo lança um novo livro em que
busca traçar o atual cenário interna-
cional e suas implicações para o fu-
turo do país. O título
Desglobaliza-
ção – Crônicas de um mundo em
mudança
já é bastante esclarecedor
sobre o conteúdo da obra, dividida di-
daticamente em quatro blocos. O pri-
meiro traz um ensaio que indica ca-
minhos para o Brasil superar o status
de potência média. O segundo agru-
pa artigos publicados na imprensa
brasileira de 2009 a 2013, sempre
com foco nos temas caros ao autor,
como inovação, países emergentes e
competitividade. O terceiro reúne ar-
tigos, em inglês, de uma seleção de
artigos publicados no Financial Ti-
mes, jornal inglês especializado em
economia e negócios. A parte final
reproduz entrevistas publicadas na
China, Rússia, Alemanha, Estados
Unidos, Reino Unido e Brasil, tendo
como tema principal os grandes de-
safios globais.
Diplomata, economista e cientis-
ta social, Troyjo trata desses temas
complexos até para especialistas
com uma linguagem clara, esclarece-
dora e acessível que permite ao leitor
leigo ter uma nova compreensão do
que ocorre no mundo após o esgota-
mento da
globalização profunda
, que
veio na esteira do final da Guerra
Fria. Foram os tempos da prevalência
de valores ancorados na economia de
mercado e na democracia represen-
tativa, com a proeminência dos Esta-
dos Unidos, ascensão dos Tigres
Asiáticos e a lógica da integração,
traduzida na criação da União Euro-
peia. A partir de 2008, o mundo en-
tra na fase de
risco de desglobaliza-
ção
, com o Ocidente em xeque, os Es-
tados Unidos em crise, a hipercom-
petitividade da China e o renasci-
mento do conceito de Estado-Nação
como ator dominante na cena inter-
nacional. Esta, continua o autor, pas-
sa a ser regida pela lógica do
cada-
um-por-si
, com estratégias individua-
lizadas e protecionistas. Troyjo escla-
rece, entretanto, que a nova conjun-
tura não significa o fim da globaliza-
ção, mas apenas sua profunda modi-
ficação e nela há lugar para um Brasil
que tenha força e empenho para pro-
mover as necessárias e já muito de-
batidas grandes reformas moderniza-
doras. Isso com a expertise adquirida
como diretor do BricLab, o Centro de
Estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e
China da Columbia University, em
Nova York. Mas sempre mantém um
pé na terra natal, onde integra várias
organizações não governamentais,
entre as quais o CIEE, como membro
do Conselho Consultivo.
Desglobalização:
risco ou nova
oportunidade?
CIEE | Agitação
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